domingo, 18 de dezembro de 2016

Ramiro (Mouraria)

Não sou um fã de marisco e, como tal, marisqueiras não são minimamente apelativas para mim. Acho-as caras para o nível de satisfação que delas tiro. Ainda assim, o Ramiro é um sítio incontornável e, como tal, não poderia deixar de ter curiosidade em visitá-lo. Não aceitam reservas e por isso a fila à porta é uma constante toda a noite, mas tudo se passa no mesmo ritmo frenético dos empregados nesta cervejaria. Entramos, comemos muito e saímos. O espaço não é confortável, não promovendo uma refeição prolongada. Mesas pequenas, cadeiras pequenos, pouco espaço entre as mesas, chão sujo de papéis e bocados de marisco que vemos voar de marteladas de mesas vizinhas. Ou seja, um ambiente típico, e à antiga, de uma cervejaria portuguesa.
O serviço é muito rápido (mas não a despachar!) e vemos passar empregados à velocidade da luz, muitas vezes fazendo o pedido para um empregado supersónico. Mas o pedido não fica perdido no vazio e parece que têm uma capacidade de percepção de pedidos sobrenatural. Simpáticos e com a dose certa de animação, sabendo gerir bem e enquadrar os clientes no espírito cervejeiro, principalmente quando as imperiais chegam à nossa mesa mal a anterior fica vazia. Noutros locais poderia levar a mal, aqui, não tenho a certeza porquê, achei piada. A cozinha funciona de uma forma fantástica, pois não existe muito tempo de espera desde que entra o pedido até que a comida chega à mesa. Adorava conhecer a esquemática que rege esta cozinha e perceber como é possível que um ambiente com tanta gente, tantos pedidos, funcione tão bem, mesmo contando que não existem muitos pratos elaborados.
Presunto Pata Negra muito bom e cortado com boa espessura. Não é necessário falar muito sobre este tipo de decadência, certo?


As melhores Gambas à la Aguillo (é assim que está escrito na ementa) do país, da Europa e, quiçá, do mundo! Perfeitamente cozinhadas, servidas ainda com o azeite a ferver, bem temperadas e com uma dose de picante muito agradável. Molho guloso a pedir que se gaste todo o pão torrado nele. E se o pão acabar antes do molho? Peçam mais pão!


Boas Amêijoas à Bulhão Pato mas não muito puxadas a nível de sabor. É um bom exemplar mas não é fantástico. Um bocadinho mais de tempero poderia resolver a questão e colocar este prato ao nível dos restantes.


Camarão Tigre a soltar facilmente da casca, prova de que teve um tempo adequado de cozedura, e acompanhado por um subtil molho de manteiga e que até poderia ter vindo em maior quantidade, pois complementava espectacularmente o camarão.


Quando penso em todos os sítios ditos "gourmet", sejam pregarias, petiscarias, hamburguerias ou que mais-rias, que servem pregos do lombo, só me apetece rir. Rir-me pelo preço que cobram e rir-me pela qualidade do que servem. No Ramiro, a "sobremesa" (assim apelidado pelos habituais, tal como pode ser visto na passagem de Anthony Bourdain por Lisboa) tem o módico custo de 4,08€ e é dos melhores pregos que podem comer na cidade. Bom pão, nada massudo e uma carne tão macia que até a dentadura podemos tirar que garanto que vamos conseguir cortar a carne na mesma. Para além da textura, o tempero é exemplar, com uma boa dose de alho. Para ficar perfeito, a adição de uma boa mostarda é essencial.


Com a sobremesa no bucho, vamos ao digestivo com o Pedrinni: Vodka, Sumo de Laranja, Sorbet de Limão e Canela.


Fiquei completamente rendido à qualidade do Ramiro. Superou expectativas, por muito altas que estivessem. Preços mais do que justos face à comida servida, um serviço típico deste tipo de restaurantes, e uma rapidez ímpar.

Ramiro
Lisboa, Portugal
Ramiro Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €

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